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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cães Vadios


Há dias em que me cruzo com eles...
Cheiro-lhes os gestos, o dorso encurvado,
a cabeceira encapuçada.


Deambulam à procura do nada,
à procura duma ideia desgarrada
do tempo que não tiveram,
dos sarilhos...
que atraiam sobre eles
as atenções que os olvidaram
quando meninos


São gente escondida nas sombras da noite,
sorvendo o frio...
ou a chuva ...
ou o vento...
escudos da sua existência.


São predadores em ebulição,
à espera duma razão,
apenas a sua,
para mostrarem os dentes
e as garras
com deleite afiadas
pela revolta
que não pretendem disfarçar


Espalham de soslaio
os prolongados olhares,
inseguros poderes
destes catraios despudorados,
assombrados maltrapilhos
pelas agruras dum destino,
que lhes desorientou a agulha
da desdita,
na condição meio finita
de um ensaio


É gente desviada
de imaginadas quimeras
que soletram nas trevas
do seu desespero
uivos insanos,
como cães vadios
na demanda do perdão
dos que,
lhes dando a mão,
lançam pontes sobre rios
tentando vidas
com melhor tempero

1 comentário:

Mª João C.Martins disse...

E surgem de noite, no desvendar das máscaras. Vêm de dias assombrados onde vegetam perdidos de si e na sua própria sombra.
`
Beijinhos