As fotos expostas, assim como os textos escritos, salvo nas situações devidamente referidas, são de minha autoria ou, eventualmente, dos que me são próximos. A sua apropriação indevida está vedada a quem o fizer sem a minha autorização. Como compreenderão.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tanto


(foto de Rute Correia)



Tenho tanto de nada para te dizer
Que sofro só de pensar 
no que irás sentir

Pelo que o melhor 
será nada fazer
Para que tudo em ti
possa fluir

Mesmo do tanto de nada que tenho
Muito de tudo nada será

Se comparado com o tanto que és
Uma flor de liz, 
que em mim, 
amor se faz

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ó Mar, mar...





Ó mar,
que se me queres,
aceito tudo,
tudo o que tens para me dar,
e te retribuirei
com tudo,
tudo o que tenho
para te oferecer

Mas, tira-me deste ser
que eu prometo em nada te envenenar

Ó mar,
como poderei eu em ti respirar,
se me retiras a cada maré
o mareante que preciso sofrer,
se me afago em cada vaga,
ao mastro alapado,
agarrado à vida com um pé,
um quase nada,
para naufragado me retardar?

Mar,
por onde navegas,
deixa-me em ti bolinar,
descobrir certezas
e tristezas não,
e no teu dorso poder alegrar
sorrisos que esquecidos estão
e outros por despertar

Ó mar,
se eu em ti me aprofundar,
promete-me o azul marinho
mais belo, mais cintilante
em puro deleite sentir
Não haverá constelação
que me arrepie
das marés andantes
e do certo devir

Ó mar,
porque não me deixas tu partir?
se  faço juras de te pertencer,
e de sempre te amar?



terça-feira, 22 de julho de 2014

a imensidão do sentir



passos
passos
oiço os meus pés
quando tocam o chão
sinto o meu corpo
estremecer com os passos
consciente dos degraus
desço subo
trepo escorrego
cravo os olhos
como garras
na beira do abismo
colo o corpo às cores
e a boca aos prazeres
empurro os ombros
para cima
em frente
misturo lágrimas com
tintas 
areias
papéis
suor
saliva
seiva
uma pasta do pó de amolar
barro o meu corpo
todo
e atiro-me à vida
com uma força desconhecida
como uma flecha
lanço-me no abismo estelar
para a imensidão
do sentir


(autor que desconheço, este poema parou-se-me nas mãos)

terça-feira, 1 de abril de 2014

Escrevo-te!


(foto de Paulo Santos - Pajó)




Sim, escrevo-te...
Não sei se para dizer...
Talvez para te ouvir.
Mas, escrevo-te.
Talvez para te sentir,
Ou talvez para de ti
Menos ter.

Não sei porque te escrevo, mas...
Sim, escrevo-te!
Talvez que entre o nada sentir
E o nada dizer,
Te faça entender,
Porque te escrevo.

Escrevo-te!...
Cego pelas palavras
Que não lerás,
Surdo pelos gritos
Que não ouvirás.
Mas, ainda assim...
Escrevo-te!

Por isso te escrevo.
Para que entendas,
São de todas as falésias
A origem deste meu acervo.
São de todas as grutas,
A origem do meu medo.

E escrevo-te, ainda...
Para que não esqueças...
Ou me faças esquecer;
No mundo dos sentidos,
Muito se desvanece,
Até se perder.

Escrevo...
Para que não leias
O que não entenderás.
Entre o que está à frente
E o que fica para trás,
Muito se enleia,
No que eu próprio percebo.

Por tudo isso, te escrevo.
Em redor do meu abraço,
Sem vontade de o travar,
Me desfaço,
Entre letras e palavras,
Escritas faladas,
Esqueço...
Que te escrevo, se o faço.




sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ai, Se Eu Pudesse!...



Viajar um dia por inteiro,
Largar e não pegar mais,
Bagagens e coisas tais.
E pela mão,
Uma princesa de palmo e meio.

Ai se eu pudesse...
Fechar os olhos e tudo ver,
Sem nada reconhecer,
Voar sem asas.
E pela mão,
Uma princesa sem temer

Ai se eu pudesse...
Encher o peito e explodir,
Flores lilases e doutras cores,
Brisas frescas e calores,
Caminhar no nada.
E pela mão,
Uma princesa a sorrir

Se eu pudesse...
Tirava tudo e dava nada,
Apenas o ar cá ficava,
E do nada me desviaria,
E pela mão,
Certo dia eu diria,
Uma princesa amada?
Comigo levaria!

domingo, 12 de janeiro de 2014

Espelhos

Senhora da Ribeira, Barragem da Aguieira. Dez2013