Voa que seja à toa,
Mas, voa passarinho, voa.
Desafia o vento e o mau tempo,
e voa.
Ainda que andes à toa,
Ainda que te cortem as asas,
passarinho, voa.
Saltitando ou pulando
Correndo, sôfrego ou esbaforido,
Gritando em dor, desabrido,
Voa sempre, passarinho, voa.
Não deixes que te cativem o sorriso,
Que te amputem sonhos,
Que te lancem os medos,
Mas, voa, passarinho, voa.
Ainda que seja em segredo.
Esvoaça por entre nuvens e quimeras,
Vai ao encontro de quem esperas.
Bate as asas com rigor,
No calor da revolta
Ou no calar da dor,
Com doçura ou como for,
Mas, voa, passarinho, voa.
Aproveita esse dom
E liberta-nos a todos nós
Do degredo,
Da prisão dos sentidos,
E voa, passarinho,
Voa sem medo.
Descobre mundos sem fundo,
Navega em mares moribundos,
Escala serras e montanhas,
Vai aos limites deste mundo,
Vasculha-lhe as entranhas
E voa, passarinho, voa,
Voa alto ou voa baixo,
Em silêncio ou estrepitoso,
Que cada voo teu
Seja-o também meu,
Vai, passarinho, canta e voa.
Vai, passarinho, canta e voa.
Com asas ou sem asas,
Na amplitude do teu voar,
Solta-te das amarras
Que prendem o teu cantar
E voa, voa, voa, voa....
E voa, voa, voa, voa....
1 comentário:
Jamais haverá liberdade, se não acreditarmos no poder que tem a persistência do movimento das asas.
Beijinho meu
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