Trago comigo há muito tempo esta ideia, agora concretizada, de PARTILHAR...lugares, que tiveram a veleidade ou o poder de me tocar, em alguns casos PESSOAS, que fazem parte do meu universo de vida, eventualmente objectos, que de algum modo ou de outro, tiveram o seu papel por alguma razão. Como o tempo nos dá as oportunidades que por isto ou por aquilo deixamos escapar em algum momento, surge agora através deste blogue a concretização da ideia anteriormente referida, mas agora facilitada.
As fotos expostas, assim como os textos escritos, salvo nas situações devidamente referidas, são de minha autoria ou, eventualmente, dos que me são próximos. A sua apropriação indevida está vedada a quem o fizer sem a minha autorização. Como compreenderão.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Cães Vadios
Há dias em que me cruzo com eles...
Cheiro-lhes os gestos, o dorso encurvado,
a cabeceira encapuçada.
Deambulam à procura do nada,
à procura duma ideia desgarrada
do tempo que não tiveram,
dos sarilhos...
que atraiam sobre eles
as atenções que os olvidaram
quando meninos
São gente escondida nas sombras da noite,
sorvendo o frio...
ou a chuva ...
ou o vento...
escudos da sua existência.
São predadores em ebulição,
à espera duma razão,
apenas a sua,
para mostrarem os dentes
e as garras
com deleite afiadas
pela revolta
que não pretendem disfarçar
Espalham de soslaio
os prolongados olhares,
inseguros poderes
destes catraios despudorados,
assombrados maltrapilhos
pelas agruras dum destino,
que lhes desorientou a agulha
da desdita,
na condição meio finita
de um ensaio
É gente desviada
de imaginadas quimeras
que soletram nas trevas
do seu desespero
uivos insanos,
como cães vadios
na demanda do perdão
dos que,
lhes dando a mão,
lançam pontes sobre rios
tentando vidas
com melhor tempero
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1 comentário:
E surgem de noite, no desvendar das máscaras. Vêm de dias assombrados onde vegetam perdidos de si e na sua própria sombra.
`
Beijinhos
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