passos
passos
oiço os meus pés
quando tocam o chão
sinto o meu corpo
estremecer com os passos
consciente dos degraus
desço subo
trepo escorrego
cravo os olhos
como garras
na beira do abismo
colo o corpo às cores
e a boca aos prazeres
empurro os ombros
para cima
em frente
misturo lágrimas com
tintas
areias
papéis
suor
saliva
seiva
uma pasta do pó de amolar
barro o meu corpo
todo
e atiro-me à vida
com uma força desconhecida
como uma flecha
lanço-me no abismo estelar
para a imensidão
do sentir
(autor que desconheço, este poema parou-se-me nas mãos)